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domingo, 12 de agosto de 2007

GRINDHOUSE - PLANET TERROR

Grindhouse - Planet Terror (USA, Dir. Robert Rodrigues - Com Rose McGowan, Freddy Rodriguez, Josh Brolin, Marley Shelton, Jeff Fahey, Michael Biehn, Bruce Willis, Tom Savini, Carlos Gallardo, Quentin Tarantino, 2006)
Em meados dos anos 60, 70 e início dos 80, as grandes produtoras de cinema investiam pesado em produtos de qualidade para agradar os espectadores - no entanto pequenas companias produziam filmes de baixo orçamento e os distribuiam em cinemas decadentes (Grindhouses), geralmente em sessões duplas. Os filmes exibidos faziam parte de um filão chamado exploitation movies - eram filmes que exploravam sexo, ultra-violência e outros tabus que não rolavam nas produções convencionais hollywoodianas.
Nos anos 80 tivemos o gostinho de ver alguns exploitation movies no Poltrona R, programa da Record que era veiculado de madrugada e trazia produções cheias de sexo e violência, lembro-me, em especial, de um chamado "Enterre-me com os anjos" que assisti escondido com uma namoradinha - o filme era sobre uma gang de mulheres hellangels que provocavam terror nas estradas americanas - tinha muito sangue e sexo (bem mais explícito do que nas produções comuns).
Agora, os cineastas cults Robert Rodrigues e Quentin Tarantino se juntaram e dirigiram uma sessão dupla de filmes que homenageiam os filmes de Grindhouses: Planet Terror e Death Proof.
Assisti Planet Terror com grande expectativa e...fiquei decepcionado!
Não que o filme seja uma porcaria, pelo contrário é bem divertido e bem humorado - apesar do clima sério que se mantem durante a projeção. No entanto, não traz nada de novo ao filão "filmes de zumbis" que voltou aos cinemas com força no remake Madrugada dos Mortos, Extermínio e o hilário Todo mundo quase morto. A única grata surpresa é a personagem Cherry Darling, interpretada pela gostosona Rose McGowan, uma stripper que tem uma de suas pernas devorada por um zumbi e reimplantam no lugar uma metralhadora! É com ela as melhores cenas do filmes começando pela introdução - uma dança sensual embalada pela trilha composta pelo diretor Robert Rodrigues, além da cena de sexo que quando começa a ficar quente aparece uma cartela informando que o resto da cena estava num rolo perdido! e claro as cenas com ela em ação usando sua perna metralhadora.
De resto o filme tenta impor o clima dos filmes exploitation - com ranhuras, desfocadas, closes, iluminação estourada e muita violência. Mas o que fica faltando é justamente o que o diretor queria homenagear: muito sexo e violência explícita. Infelizmente essa produção foi vítima de algo qua não rolava nas produções de Grindhouses, a censura. O filme para ser comercial e render dinheiro precisava se enquadar numa censura possível comercialmente - geralmente os filmes daquele filão eram X-rated - isso quer dizer para maiores de 18 anos - daí Grindhouse com uma classificação para maiores de 14 anos fica difícil ter toda a podreira boa dos exploitation movies.
Planet Terror fica aquém de outra incursão do diretor no gênero terror: Drink no inferno - que é um filme que começa como rodemovie policial e discretamente vira um sangrento e divertido filme de vampiros - esse sim é um filme cult, legal a beça, cheio de sacadas incríveis e um ritmo excelente. Planet Terror é o subproduto de Drink no inferno.
Vamos para a história (?) de Planet Terror: numa cidadezinha porcaria do Texas um bando de militares libera um gás que os transforma em zumbis sedentos por carne - as infecções geradas pelo gás infectam outros seres humanos e daí vão se multiplicando os zumbis. Um grupo liderado por uma stripper e um mecânico com passado obscuro tentam impedir de serem os próximos no cardápio dos zumbis enquanto tentam encontrar um meio de fuga.
Robert Rodriguez é um diretor competente, além de dirigir ele edita, roteiriza e compõe a trilha, mas faltou ousar, ser diferente, ser muito radical e tentar subverter, descaralhar tudo e encher a tela de sangue, sexo e violência como nos bons tempos.
Vamos ver se o filme de Tarantino é melhor do que esse.
O destaque extra do filme Grindhouse são os falsos trailers durante a exibição, são eles:
Machete
Rodriguez dirige esse segmento, escrito em 1993 como um filme para o ator Danny Trejo (frequente colaborador) para dar-lhe uma série de filmes como Charles Bronson ou Jean Claude Van Damme. Seguindo um assassino de aluguel mexicano traído por seus contratantes, Machete será adaptado num filme de longa-metragem lançado em DVD em 2008.

Werewolf Women of the SS
Dirigido por Rob Zombie, é inspirado em filmes com nazistas dos anos 70, mostrando um plano secreto do Dr. Heinrich von Strasser (Bill Moseley) da SS de transformar mulheres em lobisomens. Nicolas Cage aparece como Fu Manchu.

Don't
Dirigido por Edgar Wright (Todo Mundo Quase Morto), é paródia dos trailers de filmes ingleses dos anos 70, com cortes abruptos, narração assustadora, e sem diálogos(escondendo a origem do filme). Jason Isaacs participa deste trailer.

Thanksgiving
Eli Roth (Cabin Fever) dirige esse segmento, um filme de assassinos passado no Dia de Ação de Graças (parodiando outros passados em feriados como Halloween, Natal Sangrento e Dia dos Namorados Macabro).

Abaixo vai uma lista dos melhores filmes de mortos-vivos já feitos:

- A noite dos mortos-vivos - filme de George A. Romero - O Clássico dos Clássicos!!! Inovador e realista. Filme de baixíssimo orçamento feito com atores amadores. Usando uma espertíssima crítica social subliminada na trama o filme inovou por ser um ratrato absolutamente negro, triste, realista e sério sobre o tema. Os filmes que completam a trilogia dos mortos são igualmente bons: Dawn of Dead (refilmado como Madrugada dos mortos) e Dia dos mortos.

- Re-animator - A Hora dos Mortos-vivos - filme de Stuart Gordon - Filme magnífico!!! Um Terrir absolutamente cult com inacreditável climão gótico e muita escatologia, sangue e sexo. Na época quando exibido causou furor por causa de uma cena inusitada: o corpo de um zumbi usa sua cabeça decepada para fazer sexo oral numa bela e gostosa vítima!!! Parece um filme deplorável, mas não é, com excelentes efeitos de maquiagem, ritmo e humor negro irrepreenssíveis. E uma dupla de anti-heróis antológica, destaque para o cientista louco Jefrey Combs.

- A volta dos mortos-vivos - filme de Dan O´Bannon - O roteirista do filme Alien - o 8° passageiro dirigiu essa paródia/homenagem ao filme A Noite dos mortos vivos - é como se fosse uma continuação do clássico só que cheia de humor negro. Enorme sucesso na época do lançamento com ótimo roteiro e excelente maquiagem. O elenco é cheio de veteranos de filmes de terror. tem uma ótima trilha sonora oitentista com muito punkrock - inclusive uma das ótimas cenas é num cemitério cheio de punks que curtem uma balada e são atacados por zumbis famintos por cérebros humanos: Brains!!! Brains!!! destaque para o final surpresa!!!

- Zombie - A Volta dos Mortos Vivos - filme de Lucio Fulci - A obra prima de Lucio Fulcio mestre do terror italiano, de 1979. Numa pequena ilha tropical zumbis putrefatos devoram os habitantes locais. Um cenário caótico e uma insana luta pela sobrevivência. Um obra visceral, muitas vezes copiada. Lucio Fulci era um diretor de filmes de terror gore (segmento do terror com ultra-ultra violência, sexo e sangue). Diretor cult de filmes que realmente embrulham o estômago e são importantes na antologia cinematográfica do terror.

- Zombie Holocausto - filme de Lucio Fulci - Dr. Peter Chandler e uma repórter chamada Lori descobrem rastros de canibalismo em Nova Iorque. Seguindo a trilha das atividades canibalísticas, eles chegam a uma remota ilha onde um cientista louco realiza experiência com reanimação de cadáveres.O resultado da experiência são quatro mortos-vivos que disputam a carne humana dos turistas com os canibais da ilha. Lucio Fulci filmou quase todos os géneros de terror, ficção científica e até mesmo comédias. Mas as suas obras mais emblemáticas são, sem dúvida, o enigmático Zombi 2 (1979), o filme de mortos-vivos que mais se aproxima do livro de Peter Tremayne, com a célebre sequência da invasão de Nova Iorque por um enorme bando de zombies que atravessa a ponte de Manhattan, e a não menos célebre imagem da jovem que é assassinada no duche por uma farpa de madeira que lhe atravessa literalmente uma das vistas. O Estripador de Nova Iorque (1982), uma versão de Jack the Ripper à base de esquartejamentos com lâminas de barbear. E a célebre trilogia dos infernos, composta por Os Mistérios da Cidade Maldita (1980), As 7 Portas do Inferno (1981) e A Casa do Cemitério (1981): três obras de cariz mais ou menos exploratório, em que cientistas ou pseudo-detectives tentam encontrar explicação para alguns fenómenos do oculto e acabam sempre enredados em teias do maior horror: demónios, zombies, adoradores de Satã e outros quejandos, num manancial de sangue a rodos e goelas cortadas que parece não ter fim. Lucio Fulci lançou um modelo de filmes de terror. E vasto é já o número dos seus seguidores.

- Fome Animal - filme de Peter Jackson - O diretor da trilogia O senhor dos anéis começou fazendo filmes trash com muito sangue, escatologia e um humor negro hilariante. Sua obra-prima dessa época é Dead Brain (Fome Animal) é simplesmente espetacular. Uma verdadeira montanha russa de loucura, sangue e humor pastelão. É considerado por muitos o filme mais sangrento da história do cinema. Cheio de sacadas fantásticas e homenagens ao cinema. Nunca se viu tanta maluquice e tanta violência explícita num filme absolutamente hilário. A maquiagem é impressionante para o baixo orçamento. Contam que Peter Jacson fazia esses filmes com os amigos da escola de cinema - todos juntavam a grana e faziam o filme- editavam o copião na mesa de cozinha da mãe dele - a WETA empresa de efeitos especiais que revolucionou o segmento começou com as experiências de Peter nesses filmes trasheiras. Filme obrigatório!!!

- Mortos-vivos - filme de Dan O´Bannon - Filme raro, lançado agora em dvd do diretor de A volta dos Mortos-vivos. Numa cidadezinha americana, xerife começa a investigar as estranhas mortes ocorridas no local, alguns dos corpos mesmos mortos continuam a viver. Sério e intrigante filme policial com toques de terror. Destaque para o final surpresa.

- Demons - filme de Lamberto Bava - Um dos mais famosos filmes de horror italiano de todos os tempos, clássico dos splatter movies. No túmulo de Nostradamus, rapazes encontram o fragmento de uma profecia "Eles farão dos cemitérios as suas catedrais, e das cidades os seus túmulos". Filho do mestre Mario Bava, Lamberto conta já no seu curriculum com um manancial de horrores cinematográficos bem dignos da herança que ostenta. Assistente de realização em várias obras de seu pai, e depois de duas obras menores, emerge em 1985 com o excelente Demoni, uma obra inteiramente rodada numa sala de cinema, onde o filme que está a ser projectado vai ser responsável (com a ajuda de uma máscara demoníaca), pela morte ou "zombificação" de todos os espectadores presentes na sala. No ano seguinte, Lamberto repete a dose com Demoni 2: L'Incubo Ritorna, numa receita similar, mas agora num bloco de apartamentos com altos sistemas de segurança para impedir as vítimas de chegar ao mundo exterior. Não resiste a homenagear a obra paterna, e realiza em 1990 uma nova versão de A Máscara do Demónio: mas aí, a cores e sem Barbara Steele, o resultado está longe de ser brilhante. Finalmente, surge em 1992 com o brilhante Ritual da Morte, uma piscadela de olho aos serial-killers, com a nuance do envio de pedaços de cada uma das vítimas à potencial vítima seguinte. É mais um cineasta da hemoglobina, excessivo e delirante. Também a acompanhar com atenção.

- Todo mundo quase morto - filme de Edgar Wright - Paródia inglesa dos filmes de zumbis americanos. A grande sacada é usar o humor inglês num filme de clichês de mortos vivos. É simplesmente hilariante e uma grande pedida para uma noite com bastante pipoca e uma turma de amigos. Ótimo terrir inglês - destaque para a cena que os abilolados heróis tentam matar um zumbi com discos de vinil!!!

- Pelo amor e pela morte - filme de Michele Soavi - Hupert Everett protagoniza esse estranho e inusitado filme de terror franco-italiano. Cult pouco conhecido no Brasil foi lançado em vhs por aqui mas é difícil encontrar no mercado. E vale muito a pena ver com destaque especial nessa lista de filme de zumbis.
Francesco Dellamorte (Everett) é guarda do cemitério de uma pequena cidade, num momento indeterminado do tempo. Há um mistério naquele local que ninguém consegue explicar, mas que todos parecem aceitar com naturalidade: os mortos voltam à vida sete dias após serem enterrados. São os ossos do ofício de Dellamorte, que se resigna a tratar de filas de zumbis que se dirigem à sua casa (no próprio cemitério) e levam um tiro no centro da cabeça.
O herói lamenta o seu destino, e julga-se amaldiçoado, a começar pelo seu nome que parece condicionar seu destino. Preferia chamar-se Francesco Dellamore. O seu ajudante (Lazaro) não é obeso por coincidência; é o seu Sancho Pança, companheiro numa cruzada em que os moinhos de vento são os mortos que se recusam a estar mortos.
«DellaMorte DellAmore» («Cemetery Man» para o mercado americano) baseia-se numa das mais famosas séries de histórias em quadrinhos italianas, Dylan Dog, "investigador de pesadelos". A série, da autoria de Tiziano Sclavi, é publicada há mais de uma década. Curiosamente, quando Sclavi foi perguntado como Dylan Dog deveria ser desenhado, ele respondeu "como Rupert Everett", o que limitou o casting para o filme. Felizmente Everett estava disponível e tem aqui uma grande performance, talvez o melhor de sua carreira. A primeira parte do filme é pura comédia gore, fazendo lembrar "Evil Dead 2" (Everett até parece Bruce Campbell), mas a determinada altura a melancolia chega, com o surgimento de Anna Falchi, no papel de uma bela viúva. Que morre, mas volta... A atriz encarna duas outras personagens.
"DellaMorte DellAmore"pode-se dividir em três segmentos, cada um com um registo diferente, e cada um com a manifestação de uma presença feminina interpretada pela mesma atriz. Cada mudança de registo parece entrar em conflito com a anterior: primeiramente a ação centra-se na Morte, depois no Amor, e culmina numa sequência quase-metafísica com imagens surreais, caminhando para um fim muito filosófico, que corresponderá à queda de Dellamorte. Mas nada é por acaso. Soavi respeita a estrutura do roteiro, e que se pode reconduzir a uma sequência de tese/antítese/síntese. Só que o significado final, resultante do confronto entre a tese e a síntese (Morte e Amor, como indica o próprio título), ficará à deriva dentro da cabeça do espectador mesmo depois de abandonar a sala.









Um comentário:

Unknown disse...

Edu, estou prestes a comprar o filme "Um estranho no ninho" (indicação sua), mas gostaria de pedir a vc que POSTASSE EM SEU BLOG não só uma crítica sobre o filme, como tb uma relação sobre os melhores filmes sobre SANATÓRIO, da mesma forma que vc fez com Planeta Terror e os filmes de Zumbis.

Um abraço.