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domingo, 15 de julho de 2007

A Câmara 36 de Shaolin

A Câmara 36 de Shaolin (The 36th Chamber of Shaolin, China, 1978. De Lau Kar Leung. Com Lung Chan, Billy Chan, John Cheung, Norman Chu, Hou Hsiao, Hoi San Lee. 111 min)
Existe um segmento dos filmes de aventura que muitos “torcem o nariz”, os filmes de artes marciais. Os conservadores vão alegar vários motivos para não apreciarem esses filmes, mas queiram desculpar, o cinema moderno não seria nada sem o referencial dos filmes de Kung Fu.
Sem a “Escola Shaolin de fazer Cinema” não teríamos conhecido John Woo nem Tsui Hark e muito menos teríamos as obras primas “Herói” de e “O tigre e o dragão” de . Imaginem Matrix e Kill Bill sem as espetaculares coreografias, na verdade teríamos um Quentin Tarantino diferente, bem menos divertido e pode-se dizer que muitos outros como Soderbergh, McG, Sam Raimi, ficariam orfãos da influência estética que direta ou indiretamente eles reverenciam.
Os filmes de artes marciais fazem parte da tradição cinematográfica chinesa, uma das produtoras, a Shaw Brothers, foi responsável por produções que alcançaram imenso sucesso no oriente e consequentemente, muitas vezes contrabandeados, os filmes conquistaram o ocidente.
No caso em questão falamos do filme “A Câmara 36 de Shaolin”, um dos mais criativos e imitados filmes de Kung Fu de todos os tempos. Dirigido por um mestre, Lau Kar Leung que foi dublê em filmes de ação e iniciou na direção nos anos 50, mas alcançou imenso sucesso com seus filmes nos anos 70. Lau dirigiu “Challenge of the Master” lançando para o estrelato seu irmão adotivo Liu Chia Hui, mais conhecido como Gordon Liu que foi até escolhido pela Cahiers du Cinema como o maior ator de artes marciais de todos os tempos (Gordon participa de Kill Bill I e II, onde é homenageado)
Nosso filme aborda a história do monge San Te (Gordon Liu) e sua busca de auto-conhecimento e seus esforços contra a dominação Manchu. Depois que sua família é disimada por soldados Manchus, o jovem San Te ingressa no Templo Shaolin para aprender artes marciais e se vingar, para isso tem que atravessar as 35 câmaras do Templo onde em cada câmara desenvolve uma habilidade através de engenhosos treinamentos, daí resolve abrir a chamada 36a Câmara para ensinar a população a se defender dos ataques Manchus.
Novamente elementos caros dos filmes da Shaw Brothers estão presentes: a vingança, a mensagem ideológica e política, a violência e a superação dos limites do corpo através do equilíbrio da mente e da alma e principalmente está lá o primor técnico, uma verdadeira lição de roteiro, câmera, edição e estilo. Nesse quesito o conjunto de fatores nos brindam com inesquecíveis sequências como a do treinamento nas 35 câmaras e as lutas entre San Te e o abade, em especial aquela usando a arma com 3 barras.
Mais que pura diversão, é uma aula de cinema. Filmes como esse ensinam o espectador a desenvolver um olhar mais atento ao rumo do cinema de aventura e como hoje os “Blockbusters” carecem de criatividade.

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