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sábado, 21 de fevereiro de 2009

O NOVO CINEMA JAPONÊS - PARTE 1


SHINYA TSUKAMOTO - O Cronenberg Japonês
By Romero Maciel

Quando referimo-nos ao cinema oriental, propriamente o japonês, quais são os principais nomes que temos em mente? Kurosawa? Ozu? Kitano? Sem dúvida. Mas o que muita gente não sabe é que o cinema japonês tem muito mais do que Samurais e honra a mostrar.
No final da década de 80, um baixinho e fraco rapaz do subúrbio de Tóquio chocou o mundo exibindo uma película filmado com uma câmera 16 mm em P&B, a mais pura demência Cyberpunk até então nunca mostrada, o clássico Tetsuo - Iron Man. A história é simplesmente resumida a um sujeito normal que, ao passo que se desenrola trama, vai se tornando um monstro de metal. O filme é uma mistura de sci-fi com horror e grandes doses de clima cyberpunk que como um todo, se resume a uma grande tensão tanto física como psicológica do personagem principal, rumo à metamorfose de seu corpo. Tanto que ficou conhecido pelos fãs como “O Cronenberg Japonês”, por adotar um estilo que assemelha bastante ao de Cronenberg, se tratando de transformação física e psicológica, mas com um toque “bem japonês”.

Logo após o grande estouro com Tetsuo, Shinya Tsukamoto não parou mais e produziu pérolas como a continuação da saga Tetsuo 2(agora com mais recursos e a cores) com uma história mais elaborada do que a primeira(se é que o primeiro tem história). O destaque nesse filme é a fotografia azulada e a elaboração em stop-motion também presentes no primeiro filme.

Outra obra importante é Tokyo Fist, a história de um triangulo amoroso na grande cidade de Tóquio envolvendo superação, boxe, intriga, em que a tensão psicológica mais uma vez prevalece, fazendo esse trio seguir a tragédia. Três pessoas e seus respectivos problemas emocionais, uma garota que sente o prazer em perfurar seu corpo, o namorado que tem o pai em um hospital à beira da morte e finalmente o anjo exterminador que muda todo o clima da trama.

O mais recente trabalho do Tsukamoto é sem duvida nenhuma, a experiência mais claustrofóbica que uma pessoa pode ter assistindo a uma sessão. Trata-se de Haze, um média metragem em que o personagem principal (o próprio Tsukamoto) acorda num local totalmente fechado e apertado, sem luz, sem saber aonde está e por quê está ali, no decorrer da trama, as respostas vão aparecendo aos poucos.

O estilo de Tsukamoto é sem dúvida nenhuma a marca mais forte que existe nos seus filmes. Neles o que prevalece 100% é o lado psicológico de seus personagens captado com maestria pela sua câmera nervosa em diferentes tonalidades de azul e cinza. A tensão da Metrópole afetando as pessoas diretamente, a evolução da tecnologia, a supremacia das construções urbanas, a individualidade da sociedade capitalista atual, tudo isso é sintetizado por Tsukamoto e passado ao expectador fazendo-o pensar, sendo isso uma constante em suas películas.

Com tão poucos filmes, mas de qualidade espantosa, Shinya Tsukamoto é o que de melhor o cinema Japonês possui no quesito “Cinema Underground”, junto com Takashi Miike, sendo que ele já influência novos diretores que aparecem na praça, como Darren Aronofsky, por exemplo.
Curiosidades
- Atua na maioria dos seus filmes
- A trilha sonora de todos os filmes é um show a parte
-Além de atuar nos filmes que dirige, freqüentemente faz parte do elenco de vários outros diretores, como em Ichi The Killer do Takashi Miike e Marebito de Takashi Shimizu.

FILMOGRAFIA

Tetsuo (1989)
Tetsuo II: Body Hammer (1992)
Tokyo Fist (1995)
A Snake of June (Rokugatsu no hebi) (2002)
Vital (2004)
Haze (2005)

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