Pesquise no blog e na web

domingo, 15 de julho de 2007

LIXO EXTRAORDINÁRIO

Minha vida não existiria no Rio de janeiro se não fosse o Batone, ele foi o cara que disse vem e eu fui.
Nunca botei tanta fé num amigo como botei no Batone, naquela época nem era Batone era V..., mas deixa pra lá, o nickname herdado do seu avô é o que basta pois é nome que o identifica, hoje, no Rio de Janeiro e no resto do país.
Conheci o amigo Batone no Cine Clube da nossa cidade Marília, no interior de São Paulo. Já era uma figura conhecida de mim (amigo do irmão de um amigo meu) mas foi no cine clube que a gente se conheceu de verdade. Foi lá assistindo os Wenders, Godards, Monicellis que percebemos que travavamos uma linguagem em comum, tá tá o cinema, mas não era só isso, era uma linguagem em comum uma comunicação idêntica, o que um pensava o outro completava e vice-versa. Amizade de cara, puta amigo. Naquela época não sabiamos o que seria da vida, puta coisa chata essa de querer saber qualé da vida que nos espera, mas vira hora ou outra vinha esse papo - ele queria ser músico eu queria fazer filmes - e todas essas ambições sendo lançadas no ar lá no pátio da frente encostados no muro da casa dele - parecia muito difícil existir um mundo além daquele mundo da gente - aquele mundo da gente parecia bastante - tinhamos a escola, tinhamos festas, gatinhas para descolar, baladas em Avencas (carinhosamente, Las Vencas) para fumar um baseadinho e jogar conversa fora, muita conversa. Puta saco, o futuro!!! De repente esse fdp bate na sua porta e um segundo depois já somos outra coisa.
Batone era do Lobo Guará, banda que até hoje faz sucesso por aqueles cantos - as letras eram do Batone, era poesia pura ficava besta como ele conseguia musicar aquelas palavras - um dos últimos momentos com o Batone naquele tempo foi o cara me mostrando uma nova composição lá em casa: se não me engano Noite das Ovelhas - puta letra, até hoje é uma das que mais gosto.
Depois cada um foi para um lugar fui para São Paulo trabalhar numa produtora de comerciais e ele foi tocar a vida de músico com sua banda - e o cara ralou, ralou e não rolou nada.
Fui saber do cara numa festa de fim de ano que estava dando em casa - dois amigos me falaram que o Batone estava no Rio de Janeiro. Peguei o telefone e liguei para saber da vida. Combinamos que eu ia passar uma temporada para conhecer o tal Rio de Janeiro. Fui, gostei e voltei. Na verdade pouco conheci do Rio, mas gostei de estar com meu velho amigo e acho que ele gostou também. Ele morava num apê da Barata Ribeiro, o apê fazia juz ao nome da Rua, era infestado de baratas - hehehe acostumamos com os bichinhos, dali a um tempo já eram domesticadas - fora isso o cara, o poeta, o músico, era caixa de banco!!! Cadê nossos sonhos????? Eu também estava longe de ser algo, estava a deriva sem trabalho e procurando um horizonte.
Esse tempo na Barata rendeu, para mim, sua melhor música: Baratas Cariocas. O cara colocou numa balada chiclete algumas palavras impossíveis para tornar linda uma balada: Baratas e Giz Japonês, cara é difícil não escutar essa música e não ficar assoviando o dia inteiro.
Como tudo é possível nesse mundo até gente como a gente dar certo na vida, o Batone engatou um mestrado em Glauber Rocha (nosso cineasta preferido no mundo inteiro, hehehe), deu um pé na bunda no emprego do banco e foi mudar de vida, juntou com mais dois caras, Gabeira e Adriano (que diferente de nós se deram super bem na vida, hehehe) e começaram a engrenar uma mudança prum apê sensacional, só faltava mais uma pessoa para dividir o puta apê na Praia do Flamengo, quem quem? O Dú é claro, ligaram me explicaram que precisavam da resposta em 15 minutos (como mudar toda uma vida em 15 minutos - manual em apenas três palavras: apenas diga sim - isso serve para tudo na vida, tanto pro bem quanto pro mal).
Levei tudo que tinha na vida, menos a minha mulher e meu filho.
Fui para a terra desconhecida, pra terra das oportunidades - haha conta outra - tivemos que ralar muito e nada no Rio aparece de graça. No entanto nossa república foi um sucesso, foi inesquecível- nos divertimos pacas. Lá o Batone conheceu sua futura mulher, grande amiga do coração Gabi Gabiroba.
Com o tempo cada um foi morar no seu canto. Cadê vocês, Adriano e Gabeira?!?
Por um momento quase voltei para minha vidinha em São Paulo, mas o Rio era o meu lugar e do Batone, a gente persistia nessa droga. E como essa droga é boa.
Bem, porque contei toda essa história, em parte para passar o tempo, em parte para demonstrar meu amor por meu amigo e pela cidade que nos abrigou e em parte para falar do Lixo Extraordinário o trabalho que Batone gestou desde o apê na Paissandu e agora, finalmente, está pronto na íntegra. Seu disco é espetacular, não tô falando porque sou fã, mas porque entendo de música boa. E lá vai mais de dez faixas de música boa com aquelas letras palavreadas que só o cara faz - as músicas cheias de amor, alegria, melancolia, raiva e papo cabeça. Além das letras a banda que acompanha o cara, é um caso a parte - os melhores músicos de Londrina onde o cd foi gravado no megaestúdio do amigo Júlio.
As músicas são ecléticas tem as baladas, samba, tango e muito rock.
Batone preferiu ser democrático e disponibilizou o cd inteiro na internet - é só entrar ouvir e baixar - lá você encontra as letras para conferir (http://www.lixoextraordinario.com.br/)
E também tem um clipezinho que fiz para uma das músicas "Rosa dos Ventres" disponível também no you tube ( http://www.youtube.com/watch?v=6KitIAFIdKc )
Caras, fica aí uma história podemos até fazer coisas sozinhos mas junto dos amigos as coisas funcionam e acontecem melhor, e se os sonhos não forem como você imaginava pelo menos a gente se diverte bastante tentando realizá-los


Um comentário:

Batone disse...

Dú, adorei isso: "Manual pra se mudar de vida em 15 minutos" em três palavras: "apenas diga sim"! Lindo isso hein! velho cão-sem-dono!!