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domingo, 15 de julho de 2007

UMA NOITE NA ÓPERA

Uma noite na ópera (A night at the Opera, EUA, 1935. De Sam Wood. Com Groucho Marx, Chico Marx, Harpo Marx, Kitty Carlisle, Allan Jones, Margaret Dumont)
O cinema imortalizou vários personagens cômicos, entre eles está um trio de astros composto por Groucho, Chico e Harpo. Os irmãos Marx!!! No Brasil são pouco lembrados, mas existe uma legião de fãs que os reverenciam. Incluindo cineastas famosos. Numa das sequências de seu primeiro filme “Assaltante bem trapalhão”, Woody Allen homenageou um de seus personagens preferidos e inspiração de seu humor, Groucho Marx. Allen voltou a homenageá-lo em “Todos dizem eu te amo. Os irmãos Farrelly (do sucesso Quem vai ficar com Mary) e os irmãos Coen (Arizona nunca mais, Fargo, etc) sofrem influência direta do tipo de humor que esses personagens inspiraram
O tipo de humor do trio era anárquico, cheio de gags, muito “nonsense”e levemente malicioso. Começaram sua carreira no palco, num show mambembe que alcançou sucesso e despertou interesse da Paramount que os contratouy. Seus primeiros filmes nada mais eram do que adaptações do que fizeram no palco. Curiosamente, nessa época eles eram um quarteto, havia Zeppo, o quarto irmão, que sempre fazia o galã mas não tinha talento cômico.
Os filmes dos irmãos Marx pela Paramount foram bem sucedidos mas não alcançaram aquele patamar onde as grandes comédias estão, foi preciso a intervenção do brilhante e temido produtor da Metro Irving Thalberg que os contratou e ofereceu o projeto de “Uma Noite na Ópera”(A night at the Opera), o filme que imortalizou os irmãos Marx.
Nesse filme muito mais produzido e equilibrado que os anteriores e com um par romântico muito melhor inserido na história (foi o primeiro filme sem Zeppo que se desligou da trupe), os irmãos Marx usam e abusam de seu humor esperto e delirante. Groucho é o homem dos diálogos irônicos e de duplo sentido, Chico é um tipo de “matuto/espertalhão” ítalo-americano que não parece em nada com um “matuto/espertalhão” ítalo-americano e que funciona perfeito como “escada” para Groucho e Harpo, esse último o mais “nonsense”, é mudo e ingênuo e seu humor beira o surreal.
Nesse filme, dirigido pelo ótimo Sam Wood, Groucho é um malandro empresário de ópera que quer tirar dinheiro de uma mecenas milionária (Margaret Dumont, hilária). Chico e Harpo tentam ajudar um cantor de ópera novato (Allan Jones) a alcançar o sucesso e ficar com sua amada (Kitty Carlisle). Todos se encontram num navio que leva a companhia de Ópera em excursão.
São antológicas as sequências da minúscula cabine de Groucho lotada de pessoas (essa gag até hoje é exaustivamente copiada), da negociação de contrato entre Chico e Groucho e o clímax no teatro de ópera. Além disso tem boas sequências musicais onde os irmãos mostram sua versatilidade.
“Uma noite na Ópera” é uma inesquecível comédia da época de ouro do cinema americano, você pode amá-la ou odiá-la, mas com certeza não vai sair indiferente. Esse filme merece ser redescoberto.

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